O planejamento do produtor no Rio Grande do Sul para investir na implantação de trigo e outras culturas de inverno frente a um cenário desafiador de variação cambial e guerra na Europa foi tema do Fórum da Cultura do Trigo na Expodiretor 2022, realizado na última semana. O painel foi promovido pela Câmara Setorial do Trigo, da secretaria da Agricultura e a Cotrijal.
O coordenador da Câmara Setorial do Trigo e economista da Fecoagro, Tarcisio Minetto, abordou o panorama de custos para a safra 2022, em que o principal desafio dos produtores será a racionalização dos recursos investidos na cultura do trigo. Ele citou a dependência da importação de fertilizantes da Rússia como um fator que poderá gerar escassez do insumo. Além disso, a variação cambial do dólar fez com que o desembolso para a safra aumentasse quase 50%.
Apesar disso, Minetto acredita que a área cultivada de trigo deve crescer este ano, pois será a primeira oportunidade de renda após uma safra de verão que teve perda de 41,9% de produção em comparação com a estimativa inicial. “No cenário de hoje, há uma expectativa de bons resultados, mas vai depender do clima e da eficiência de cada produtor, que será bem exigido a cada safra”, avaliou.
O coordenador da Câmara Setorial também ponderou que é preciso que a cultura do trigo seja integrada a um sistema de produção nas propriedades, e não apenas como uma cultura isolada. “Hoje trabalhamos com apenas 20% da área da cultura de verão para plantar o trigo, então temos um potencial. Dentro de um sistema de produção, o trigo pode contribuir para reduzir o custo das outras lavouras, podendo chegar à ordem de 15% de economia nesse custo”, exemplificou.
O diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Guterres Jardim, apresentou as linhas gerais do Projeto Duas Safras, um trabalho que a federação está elaborando em conjunto com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Embrapa e a Fecoagro.
Hamilton pontuou que, enquanto os demais estados brasileiros produzem mais de uma safra, o Rio Grande do Sul só tem uma safra de verão e uma safra de inverno reduzida. “Produzimos, em média, 1,09 safra por ano. Essa expansão brasileira tem levado para outros estados alojamentos de animais que poderiam estar aqui, gerando renda e desenvolvimento”, alertou.
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