O preço do boi gordo registrou forte queda em julho nas praças gaúchas. De acordo com levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Nespro/UFRGS), o quilo passou de R$ 7,73 na primeira semana do mês para R$ 6,74 na última, recuo de 12,8%.
A baixa acentuada assustou os produtores. O presidente da Comissão de Pecuária da Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Pedro Piffero, afirma que a queda se deve “à saída de animais de pastagens e à entrada de carnes de outros estados”.
O responsável pela Estância da Formosa, em São Gabriel (RS), Ricardo Giuliani, diz que o valor médio recebido pelo boi gordo não cobriu os custos de produção. “Tivemos uma baixa na nossa receita, em torno de 15%. Isso faz com que o produtor acabe retendo seus animais e procure estratégias para entregar em outro momento”.
A formação e o desenvolvimento das pastagens de inverno foram prejudicadas pela seca. A maioria dos pecuaristas só conseguiu entregar com os animais nos campos a partir de junho. “Estamos em um ano totalmente atípico. Não só pela pandemia, que alastrou por todo o mundo, mas o Rio Grande do Sul saiu de uma maiores secas. Razão pela qual a oferta de gado gordo que sempre se dá a partir do dia 15 de agosto, este ano será um pouco mais tarde”, afirma Giuliani.
A criadora Aleani Bochi, de Santiago (RS), acredita em novas baixas no curto prazo “Até o final de setembro, a expectativa é de haja uma oscilação de baixa no gado, pela grande oferta de gado no mercado. Temos esperar para ver como o mercado vai se regular”, conta.
A partir de agora, começa uma oferta maior de gado, marcando o início da safra. “A tendência atual do preço pago ao produtor, em média, é de R$ 13 a R$ 14 por quilo da carcaça fria. Isso ainda tem tendência de baixa nos próximos dois meses”, diz o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen. Para ele, o pecuarista só deve comemorar um aumento no preço do boi gordo com a proximidade das festas de fim de ano.
Na primeira semana de agosto, os preços ficaram mais firmes. De acordo com o coordenador do Nespro/UFRGS, Júlio Barcellos, as condições climáticas favoráveis na região têm permitido segurar um pouco esse boi no pasto. “E há um equilíbrio muito justo entre a oferta e demanda. Por isso, não existe muita folga para os frigoríficos formarem escalas sem remunerar melhor os pecuaristas. Espera-se que esse movimento se mantenha com preços mais estáveis ainda na primeira quinzena de agosto”, afirma.
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